Ginsenosídeos em câncer e estudos clínicos relacionados

Ginsenosídeos em câncer e estudos clínicos relacionados



Ginsenosídeos em câncer e estudos clínicos relacionados

O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, e seu tratamento geralmente envolve uma combinação de cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Esses tratamentos, no entanto, nem sempre são eficazes, particularmente em estágios avançados da doença, e podem ter efeitos colaterais significativos. Portanto, há uma necessidade de terapias alternativas que possam melhorar a eficácia do tratamento do câncer, minimizando os efeitos colaterais.
Os ginsenosídeos são um grupo de saponinas esteroides (como mostrado na figura 1) que são encontrados principalmente na raiz da planta Panax ginseng. Estes compostos têm sido amplamente utilizados na medicina tradicional chinesa por seus vários benefícios para a saúde, incluindo propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e anticancerígenas. Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente no potencial dos ginsenosídeos como agentes anticancerígenos.

 


Figura 1: Grupo de ginsenosídeos

Mecanismo de ação dos ginsenosídeos no câncer

Vários estudos demonstraram as propriedades anticancerígenas dos ginsenosídeos. Os ginsenosídeos podem inibir o crescimento e a proliferação de células cancerígenas in vitro e in vivo. Os ginsenosídeos podem induzir a apoptose (morte celular programada) em células cancerosas, prevenir a angiogênese tumoral (a formação de novos vasos sanguíneos para fornecer nutrientes e oxigênio ao tumor) e inibir a invasão e metástase (disseminação) de células cancerígenas.

Um dos ginsenosídeos mais estudados por suas propriedades anticancerígenas é o ginsenosídeo Rg3. Um estudo publicado no Journal of Ginseng Research mostrou que o ginsenosídeo Rg3 inibiu o crescimento e a invasão de células de câncer de próstata in vitro e in vivo. Outro estudo publicado na mesma revista mostrou que o ginsenosídeo Rg3 poderia aumentar os efeitos anticancerígenos da cisplatina, uma droga quimioterápica comumente usada, em células de câncer de pulmão.

Além disso, o ginsenosídeo Rg3 tem sido estudado por seu potencial para reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia. Um estudo publicado no Journal of Radiation Research mostrou que o ginsenosídeo Rg3 pode reduzir os danos às células saudáveis causados pela radioterapia em camundongos. Outro estudo publicado no Journal of Ethnopharmacology mostrou que o ginsenosídeo Rg3 poderia reduzir a toxicidade da cisplatina em camundongos.

Ginsenosídeos também foram encontrados para ter efeitos anti-câncer em outros tipos de câncer, incluindo câncer de mama, câncer de fígado, e câncer colorretal. Em um estudo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, ginsenosídeos foram encontrados para inibir o crescimento de células de câncer de mama in vitro e in vivo. Outro estudo publicado na mesma revista mostrou que os ginsenosídeos podem inibir o crescimento e a invasão de células cancerígenas do fígado.

Ginsenosídeos também foram encontrados para ter efeitos imunomoduladores. O sistema imunológico desempenha um papel crucial no desenvolvimento e progressão do câncer. Um estudo publicado no International Journal of Molecular Sciences mostrou que os ginsenosídeos podem aumentar a atividade das células natural killer (NK), que fazem parte do sistema imunológico inato e desempenham um papel fundamental na destruição das células cancerígenas.

Desafios associados ao uso de ginsenosídeos como agentes anticancerígenos

Apesar dos resultados promissores, existem alguns desafios associados ao uso de ginsenosídeos como agentes anticancerígenos. Um dos principais desafios é a variabilidade na qualidade e composição dos extratos de ginseng, o que pode afetar a biodisponibilidade e a eficácia dos ginsenosídeos. Além disso, a dose ideal e a via de administração de ginsenosídeos para o tratamento do câncer ainda não estão claras, e mais pesquisas são necessárias para determinar sua segurança e potenciais efeitos colaterais.
 

Estudos clínicos

Apesar dos resultados promissores de estudos pré-clínicos, existem estudos clínicos limitados sobre as propriedades anticancerígenas dos ginsenosídeos. Um dos principais desafios no uso clínico de ginsenosídeos é a sua baixa biodisponibilidade, o que pode limitar a sua eficácia terapêutica. No entanto, vários estudos clínicos mostraram que os ginsenosídeos podem melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer, reduzindo os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia. (como mostra a figura 2)

Figura 2:Referência dos estudos clínicos

Por exemplo, um estudo clínico de ginsenosídeo Rg3 em combinação com quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas mostrou uma melhora significativa na sobrevida global e sobrevida livre de progressão em comparação com a quimioterapia isolada. Da mesma forma, um estudo clínico de extrato de ginseng em pacientes com câncer de mama submetidos a quimioterapia mostrou uma redução na fadiga e melhora na qualidade de vida.

Conclusão

Os ginsenosídeos surgiram como agentes anticancerígenos promissores que podem inibir o crescimento e a proliferação de células cancerígenas, induzir a apoptose, prevenir a angiogênese tumoral e inibir a invasão e metástase de células cancerígenas. O ginsenosídeo Rg3, em particular, tem sido extensivamente estudado por suas propriedades anticancerígenas e potencial para reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia. No entanto, mais pesquisas são necessárias para determinar a dose ideal, a via de administração e o perfil de segurança dos ginsenosídeos em humanos. Com mais pesquisas, os ginsenosídeos poderiam potencialmente se tornar uma adição valiosa ao arsenal atual de tratamentos contra o câncer, oferecendo uma nova esperança aos pacientes com câncer.


Referências:
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